segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Um convite à leitura: elementos narrativos e contextualização
Uma história que merece ser lida, vidas que merecem ser mais valorizadas...É o que remete "O Quinze" que apesar de retratar a seca de 1915, é um livro mais atual do que nunca.
O retrato da vida das pessoas que sofrem essa dura realidade pode ser tirado da obra. A riqueza de seus elementos narrativos é a descrição perfeita para aqueles que tratam a seca como um fenômeno político, sem se preocupar com os seres humanos, principais personagens dessa discussão.
Mas, é também, romance. Aliás, é romance em sua essência. A própria autora, Rachel de Queiroz, é quem diz que, inserir política no contexto da literatura é prostituição.
O fato é que não se pode negar o aspecto social presente nas obras da escritora e, principalmente, nesta. Fato esse, que é característico do estilo literário de seus contemporâneos e amigos.
Sobre a fotografia marcante de um povo que pode ser lida n"O Quinze", nenhum partido político é tomado. Mas a visão do contexto social da seca, com certeza se torna, "criticamente", mais humana.
O crítico Augusto Frederico Schimidt assim definiu a obra de Rachel de Queiroz:
“Livro verdadeiramente brasileiro, livro coerente e claro, livro que consegue manter a forma no mesmo diapasão com o assunto, na mesma simplicidade que os liga admiravelmente. Não há nenhum sentimentalismo na escrita do O Quinze. Constata ele apenas a realidade, sem procurar concluir coisa alguma.”
Enredo:
O livro conta histórias que, sem sombra de dúvida, são reflexos da realidade e fazem parte do cotidiano dos nordestinos que tentam resistir à seca, cada vez mais cruel. Os cenários são narrados com a precisão de alguém que viveu essa realidade, o que deixa os leitores ainda mais maravilhados e, ao mesmo tempo, perplexos com o caráter não fictício do contexto social da obra.
Foco Narrativo
A narração, feita em 3ª pessoa, dá ao livro uma postura imparcial. O narrador não interfere sentimentalmente na descrição dos cenários e dos dramas vividos pelos personagens, o que reforça a postura de constatação da "pura realidade" falada pelo crítico Augusto Schimidt.
Personagens:
Os nomes típicos da época e da região dados aos personagens (Cordulina; Dona Idalina: Chico Bento; Conceição) são mais um indicador da realidade descrita na obra. E os paradigmas pelos quais passam, vão aos poucos delineando a personalidade de todo o povo nordestino, sendo cada personagem um representante do jeito de ser desse povo.
Linguagem:
A linguagem é muito simples, devido às condições do local onde a história se passa o que dá um toque de veracidade muito maior para o livro, que é escrito como se fosse um "diário".
Os diálogos, que dão a esse "diário" um ar de conto, estão escritos em um português coloquial, outra característica que comprova o caráter realístico da obra.
Conclusões e Notas:
A análise dos elementos acima nos permite concluir a "pura realidade" que a obra, no nosso entendimento, se dedica a descrever e sobre a qual o crítico Augusto Schimidt falou tão bem.
O aspecto social presente no livro é extremamente importante para um país tão grande, tão diverso, que tão pouco se conhece.
À Rachel de Queiroz, nos resta pedir desculpas e lamentar as distorções que, por acaso, foram feitas por nós ao refletir sobre este clássico da literatura brasileira que, de alguma forma, nos sensibilizou.
Há quem goste, há quem não goste da obra, mas não se pode negar sua importância ao retratar mais uma faceta deste país tão cheio de diferenças.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
A MULHER NEGRA
Edna de Mello Silva
Introdução
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Discurso A futura Presidenta do Brasil Dilma Vana Rousseuf
Leitura para odia 08/11/2010
sábado, 30 de outubro de 2010
Semana da Consciência Negra
Semana da Consciência Negra
Uma bondosa personalidade real uma certa vez, pressionada ou não teve uma brilhante ideia – assinar um documento em que todos os escravos seriam livres, complementando outra lei anterior a do ventre livre. O certo é que muitos daqueles infelizes libertos contra a vontade dos patrões: senhores de Engenhos, Barões do Café dentre outros médios e grandes latifundiários foram obrigados a libertar todos seus escravos.
Alguns grupos formados tentaram ainda burlar a lei mantendo escravos em suas propriedades – outros se vendo pressionado pelo dito da Princesa Isabel mantinham seus escravos em condições sub humanas pagando pelos serviços um valor bem inferior, muitas vezes mal dava para sua sobrevivência.
As décadas que se seguiram foram convivendo na sociedade: brancos, negros, índios, mulatos, imigrantes dentre outros. Os imigrantes italianos foram trazidos ao Brasil a fim de substituir os escravos na agricultura.
Apesar de abolida a escravatura brasileira, ainda era possível ver indícios de torturas e prisões de negros até meados do século XlX. Um desses episódios é a conhecida Revolta da Chibata – a Revolta d Chibata foi um movimnto de Militare da Marinha do Brasil, planejado por cerca de dois anos e que culminou com um motim que se desenrolou de 22 a 27 de novembro de 1910 na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, à época a capital do país, sob a liderança do marinheiro João Cândido Felizberto.
Na ocasião, mais de dois mil marinheiros rebelaram-se contra a aplicação de castigos físicos a eles impostos como punição, ameaçando bombardear a cidade. Durante os seis dias do motim seis oficiais foram mortos, entre eles o comandante do Encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves.
É um breve relato de marinheiros que viviam sendo castigados por errarem, naquela ocasião os marinheiros eram em sua maioria negros. Em condições precárias viviam de restos de lixo em porões de navios e até convivendo com ratos e baratas. Muitos morriam em serviço.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
MOVIMENTO NEGRO NA DÉCADA DE 1930
Na década de 1930, o movimento negro deu um salto qualitativo, com a fundação, em 1931, em São Paulo, da Frente Negra Brasileira (FNB), considerada a sucessora do Centro Cívico Palmares, de 1926. Estas foram as primeiras organizações negras com reivindicações políticas mais deliberadas. Na primeira metade do século XX, a FNB foi a mais importante entidade negra do país. Com "delegações" – espécie de filiais – e grupos homônimos em diversos estados (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Bahia),arregimentou milhares de "pessoas de cor", conseguindo converter o Movimento Negro Brasileiro em movimento de massa. Pelas estimativas de um de seus dirigentes, a FNB chegou a superar os 20 mil associados. A entidade desenvolveu um considerável nível de organização, mantendo escola, grupo musical e teatral, time de futebol, departamento jurídico, além de oferecer serviço médico e odontológico, cursos de formação política, de artes e ofícios, assim como publicar um jornal, o A Voz da Raça.
Naquela época, as mulheres negras não tinham apenas importância simbólica no movimento negro. Segundo depoimento do antigo ativista Francisco Lucrécio, elas "eram mais assíduas na luta em favor do negro, de forma que na Frente [Negra] a maior parte eram mulheres. Era um contingente muito grande, eram elas que faziam todo movimento". Independentemente do exagero de Lucrécio, cumpre assinalar que as mulheres assumiam diversas funções na FNB. A Cruzada Feminina, por exemplo, mobilizava as negras para realizar trabalhos assistencialistas. Já uma outra comissão feminina, as Rosas Negras, organizava bailes e festivais artísticos.
Em 1936, a FNB transformou-se em partido político e pretendia participar das próximas eleições, a fim de capitalizar o voto da "população de cor". Influenciada pela conjuntura internacional de ascensão do nazifascismo, notabilizou-se por defender um programa político e ideológico autoritário e ultranacionalista. Sua principal liderança, Arlindo Veiga dos Santos, elogiava publicamente o governo de Benedito Mussolini, na Itália, e Adolfo Hitler, na Alemanha. O subtítulo do jornal A Voz da Raça também era sintomático: "Deus, Pátria, Raça e Família", diferenciando-se do principal lema integralista (movimento de extrema direita brasileiro) apenas no termo "Raça". A FNB mantinha, inclusive, uma milícia, estruturada nos moldes dos boinas verdes do fascismo italiano. A entidade chegou a ser recebida em audiência pelo Presidente da República da época, Getúlio Vargas, tendo algumas de suas reivindicações atendidas, como o fim da proibição de ingresso de negros na guarda civil em São Paulo.Este episódio indica o poder de barganha que o movimento negro organizado dispunha no cenário político institucionalizado brasileiro. Com a instauração da ditadura do "Estado Novo", em 1937, a Frente Negra Brasileira, assim como todas as demais organizações políticas, foi extinta. O movimento negro, no bojo dos demais movimentos sociais, foi então esvaziado. Nessa fase, a luta pela afirmação racial passava pelo culto à Mãe-Preta e uma das principais palavras de ordem era a defesa da Segunda Abolição.
Vale salientar que, além da Frente Negra Brasileira, outras entidades floresceram com o propósito de promover a integração do negro à sociedade mais abrangente, dentre as quais destacam-se o Clube Negro de Cultura Social (1932) e a Frente Negra Socialista (1932), em São Paulo; a Sociedade Flor do Abacate, no Rio de Janeiro, a Legião Negra (1934), em Uberlândia/MG, e a Sociedade Henrique Dias (1937), em Salvador.
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Para Pelé, não existe racismo no futebol
"Isso é uma besteira que deveria ser esquecida. Temos milhões de jogos por ano, todos os dias da semana, e vemos um caso ou outro. Não há racismo no futebol, é um esporte que gera muita união", declarou.
Pelé lembrou que sofreu preconceito ao longo da carreira, mas não deu importância a isso. Para ele, o assunto só ganhou maiores proporções nos últimos tempos por conta da globalização.
"É uma questão pessoal. Quando atuei na Argentina, me chamaram de negro sujo, macaco do Brasil, e não foi feito nenhum alarde", acrescentou.
Não foram poucos os casos recentes de racismo no futebol. Na Espanha, o atacante camaronês Samuel Eto'o teve de ser convencido pelos companheiros a continuar em campo após insultos da torcida do Zaragoza. No Brasil, Antônio Carlos recebeu 120 dias de punição por atitude preconceituosa contra Jeovânio, do Grêmio.
2014
Pelé não falou apenas de racismo na inauguração do Instituto Pelé Pequeno Príncipe, em Curitiba. Questionado sobre a intenção do Brasil em sediar a Copa do Mundo de 2014, ele afirmou que o país não está preparado.
"Curitiba é uma das poucas cidades que pode ser sede de um Mundial. O Atlético-PR é o único que tem o estádio dentro das normas. O Mineirão, se receber uma boa ajeitada, também pode ser usado", opinou.
De qualquer maneira, o ex-jogador não quer dinheiro público envolvido na organização da Copa. "Não devemos sacrificar o povo para colocar a Copa aqui. Os investimentos devem ser feitos por empresas privadas, como aconteceu no Mundial dos Estados Unidos."
Preservar a memória é uma das formas de construir a história. É pela disputa dessa memória, dessa história, que nos últimos 32 anos se comemora no dia 20 de novembro, o "Dia Nacional da Consciência Negra". Nessa data, em 1695, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se transformou em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade. Para o historiador Flávio Gomes, do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13 de maio: "os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil. Como se não existisse".
Construindo o "Dia da Consciência Negra"
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Há 32 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de novembro fosse comemorado como o "Dia Nacional da Consciência Negra", pois era mais significativo para a comunidade negra brasileira do que o 13 de maio. "Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão", assim definia Silveira o "Dia da Abolição da Escravatura" em um de seus poemas. Em 1971 o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.
A diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra grande parte da população afro-descendente. Os acadêmicos e os militantes celebram através dos instrumentos clássicos de divulgação de idéias: simpósios, palestras, congressos e encontros; ou ainda a partir de feiras de artesanatos, livros, ou outras modalidades de expressão cultural. Grande parte da população envolvida celebra com sambão, churrasco e muita cerveja", conta o historiador Andrelino Campos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Semana da Consciência Negra
Então, tá. A gente vai ficar esperando. Ou melhor: a gente não vai esperar, porque a sociedade brasileira resolveu investir nas cotas; para horror da turma do Leblon e Higienópolis.
A ideia dos que defendem cotas é a seguinte: educação de qualidade é pressuposto, serve para negros e brancos. Serve no longo prazo. E serviria mais ainda se essa fosse uma sociedade menos desigual. As cotas, por outro lado, dão um empurrãozinho a mais para aqueles que saem em desvantagem nessa corrida: os negros e seus descendentes, que foram escravizados durante mais de 3 séculos. Trata-se de fazer Justiça: trata-se de oferecer ferramentas diferentes para quem parte de condições diferentes.
A turma anticotas aceita, no máximo, no máximo, "umas cotas para pobres".
Até entendo: assim, não se mexe na velha ferida do racismo, nas memórias dos navios negreiros. Assim, não se atiçam velhas culpas, nem velhas perversidades. Assim, brancos e negros seguem irmanados pela "lei", que trata a todos com igualdade nessa doce terra. Certo?